sábado, 9 de maio de 2015

Fronteira-limite

Tudo isto é verdadeiro e acertado. Parece estranho e será surpreendente, mas não é desconcertante. Porque aqui há uma questão em falta.
Conforme demonstraram os mestres ditadores (Hitler e Stalin são um bom modelo), o modo mais eficaz, mais radical e mais imediato de neutralizar um povo é o terror e a violência absolutos. Há uma fronteira-limite, que o espírito humano não consegue ultrapassar. Perante ela fica neutralizado, anómico, anestesiado, inerte, aniquilado, parado. Não acredita naquilo que está a viver nem lhe sobra alternativa. Anula-se.
Deste mesmo jeito actuam a irracionalidade, a insensatez, o primarismo básico, a incultura, a impreparação, o rudimentarismo mental, a incompetência, o aventureirismo, o improviso absurdo, o oportunismo e a ausência de pudor, a arrogância dos ignaros, a mentira descarada, a cobardia cívica e a ética. A gente vê agir este primeiro-ministro de Portugal e recusa acreditar naquilo que está a ver. Porque ele ultrapassa a fronteira-limite e simplesmente não cabe numa cabeça humana. Olha-se tudo com indiferença impotente, defensiva, tão céptica quanto cínica, tão alienada quanto confundida. 
Não estão aqui em causa violências nem terrores num sentido corrente. Mas o seu efeito prático é o mesmo.