sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cleptocratas velhos, cleptocratas novos 2

O maior contributo dos colonizadores portugueses para a saga marítima e comercial do homem branco foi o transporte de quatro milhões de negros africanos para a América do Sul em navios negreiros, e a criação dos mestiços. Para além disso, depressa desapossados das praças da Índia por holandeses e ingleses, limitaram-se a existir no tempo, até ao absurdo.
Outros povos europeus lhes tomaram as ambições e o lugar, no saque das riquezas coloniais: ingleses, belgas, holandeses e franceses foram actores maiores na pilhagem de África. Ontem, hoje e amanhã (com a China). Enquanto dura.
"Há mais de duas décadas que os economistas tentam perceber o que faz com que os recursos naturais semeiem o caos. Paradoxalmente, apesar das perspectivas de riqueza e oportunidades que acompanham a descoberta e extracção de petróleo e outros recursos naturais, é demasiado frequente tais dádivas impedirem , em vez de promoverem, o desenvolvimento sustentável e equlibrado. (...) A maldição dos recursos não é exclusiva de África, mas é mais virulenta no continente que é, ao mesmo tempo, o mais pobre do mundo e provavelmente o mais rico. (...) África tem 13% da população mundial e apenas 2% do seu produto interno bruto cumulativo. Mas é o repositório de 15% das reservas de petróleo bruto do planeta, 40% do seu ouro e 80% da sua platina. As minas de diamantes mais ricas estão em África, tal como estão significativos depósitos de urânio, cobre, ferro, bauxite (alumínio) e praticamente todos os outros frutos da geologia vulcânica. África contém cerca de um terço dos recursos minerais e hidrocarbonetos."
Angola é um manancial de petróleo e diamantes; o Níger é a principal fonte de urânio que abastece a economia da França, alimentada por energia nuclear; O Congo (Brazza) tem os depósitos mais ricos de coltan, cruciais para a produção da indústria de telemóveis; O Congo (Kinshasa) o cobre e o cobalto; a Guiné (Conacri) a bauxite (alumínio); a Serra Leoa o ferro; a Nigéria o petróleo; O Botsuana, diamantes; o Zimbabue, platina; a África do Sul, platina e diamantes...
" (...) O FMI define um país rico em recursos como sendo aquele que depende dos recursos naturais em mais de um quarto das suas exportações. Há pelo menos 20 países africanos que se incluem nesta categoria. (...) Os recursos são responsáveis por 11% das exportações da Europa, 12% das da Ásia, 15% das da América do Norte, 42% das da América Latina e 66% das da África. (...)
O que está a acontecer nos estados donos de recursos em África é uma pilhagem sistemática. (...) À medida que os colonos europeus partiam e os estados africanos conquistavam a sua soberania, os colossos empresariais da indústria de recursos (Shell, BP, Exxon Mobil, Chevron, Total, Petrobrás, Petronas (Malásia), (e recentemente as chinesas) conservaram os seus interesses. Em vez dos antigos impérios, ocultam-se agora redes de multinacionais, agentes e potentados africanos. Estas redes não estão alinhadas com nenhuma nação, e pertencem a elites transnacionais que floresceram na era da globalização." 
Os governos das independências substituíram os colonos. Os agentes das empresas multinacionais, para obter licenças de exploração, corromperam os governos das independências. Corrompem políticos, generais, milícias de segurança, grupos tribais. E alimentam as cleptocracias actuais, à custa da miséria geral dos povos. (É aqui que entra o Vicente, e aquele arranjo do magistrado Figueira)