quarta-feira, 5 de abril de 2017

Zwibelsuppe


O muro já havia desabado, eu já tinha dado a volta ao mundo, mas tinha voltado a Berlim cá por umas coisas. E morava, transitoriamente, a dois passos da Potzdamerplatz. Não havia ainda os arranha-céus de vidro da Sonny e da Mercedes, que nunca cheguei a ver. E o espaço em frente das janelas era um logradouro enorme, onde eu me deliciava a manobrar estrelas infantis, de longas fitas na cauda. E era a essa aerodinâmica de brinquedo que eu ficara reduzido.
Potsdamer Platz
Uma noite, eu e a namorada quisemos ir à procura duma Zwibelsuppe à la francesa. Havia no centro da cidade, Leipzigerstrasse fora, um estanco que a servia fora de horas e se chamava Zur letzten Instanz. De modo que, à meia-noite, lá fomos e a sopa de cebola estava uma delícia. Lambemos os beiços e voltámos para casa.
A coisa eram uns bons três quartos de hora de caminho a pé, que já não havia metro. E nós lá fomos. Mas eu não tinha cobertura na cabeça, e o frio era tamanho que me congelou a caixa dos pirolitos.
Cheguei a casa com os fusíveis congelados, e posso garantir que não é nada simpático.